Ir direto para menu de acessibilidade.
Você está aqui: Página inicial > Todas as notícias > Notícias Principais > "Enegrecer as ideias e os corações": texto das coordenadoras do evento "Engrecendo setembro"
Início do conteúdo da página

"Enegrecer as ideias e os corações": texto das coordenadoras do evento "Engrecendo setembro"

Publicado: Terça, 03 de Outubro de 2017, 11h48 | Última atualização em Quinta, 05 de Outubro de 2017, 14h01 | Acessos: 4257

Enegrecer as ideias e os corações

O evento Enegrecendo setembro, que teve início no dia 04 de setembro, encerrou-se no dia 29 com duas atividades: uma conversa com autoras e autor do livro “Pessoas comuns, histórias incríveis” e uma atividade de avaliação do evento da qual fizeram parte alguns palestrantes, equipe de trabalho e público presente. A troca de experiências e impressões foi tão intensa que o auditório só foi fechado às 22h40min.

Durante o mês de setembro, 15 atividades, distribuídas em 13 dias, abordaram um pouco da produção intelectual, cultural e política de uma parte da população negra no RS. O evento contou com 54 pessoas, entre palestrantes, debatedorxs, painelistas, facilitadorxs, oficineirxs, artistas, bolsistas, voluntários e organizadoras.

No dia do encerramento, a Cervejaria Continente ofereceu uma garrafa de sua cerveja África, lançada em um gesto de combate ao racismo, a cada uma das pessoas que trabalharam no evento. Tal gesto amável condiz com o tom do “Enegrecendo setembro” que, organizado por um casal de professoras do IFRS – Campus PoA, foi permeado pelo amor em toda sua construção e execução. Seja do amor entre pessoas que se conhecem — todos os tipos de casais, familiares, colegas, amigos, professorxs e estudantes — ou do amor de forma mais universal, o evento — que abordou temas tão densos, pesados e frequentemente tristes como o racismo, a injustiça e a crueldade institucional — foi marcado pelo afeto entre pessoas que sentiram fazer parte da construção de algo melhor, uma sociedade em que todxs se olhem e se percebam, como propôs a professora Clarice Moraes em sua atividade de experimentação corporal. O desejo de conhecer melhor o outro e sua realidade / a outra e sua realidade foi mencionado por muitas das pessoas que participaram do evento, principalmente por pessoas brancas que, pela primeira vez, realmente escutavam pessoas negras — pesquisadorxs, estudantes, trabalhadorxs, quilombolas, escritorxs — contar suas experiências de vida. A (re)descoberta de sua história e de suas raízes foi uma experiência muitas vezes comentada pelxs participantes, principalmente por pessoas negras, que relataram o apagamento de sua história em sua experiência escolar, por exemplo. Sair da “bolha branca” — onde muitxs de nós nos encontramos devido ao racismo e à manutenção de um discurso único na e sobre a sociedade — mostra-se uma necessidade urgente e possível.

Para homenagear a todas e todos que estiveram no auditório Rui M. Cruse, durante o mês de setembro, procurando compartilhar seus saberes e vivências, tentando aprender mais e compreender melhor a realidade do mundo em que vivemos no intuito de fazê-lo melhor, reproduzimos o poema escrito pelo estudante Matheus Peixoto a partir de sua experiência no evento:

 

"Enegrecendo.

Dias em que saí angustiado.

Dias em que saí alegre.

Dias em que saí com esperança.

Dias em que saí sem forças.

“Enegrecer setembro”, mais do que um ato de resistência, foi um resgate de nossas raízes.

Foi tocar lá no fundo, foi ouvir o SINHÔ falando em nossas cabeças, foi ver meu lado SINHÔ.

Cair na complexidade que este mundo é.

Foi conhecer um pouquinho mais do nosso mundo.

Foi conhecer pessoas, foi me deparar com o diferente.

Devemos encarar nossa ignorância como possibilidade de desconstrução,

Nossas angústias como fortalecimento da alma. 

Vi a negritude negada de minha avó. Percebi a perda de ancestralidades de meu avô —

Vítimas da colonização.

Senti minhas raízes pulsando, as lágrimas brotando.

Saio daqui fortalecido com meu sangue afro-indígena. 

Saio com a missão de citar aqueles que aqui vieram lembrar da minha negritude.

Enegreci."

 

As coordenadoras do evento agradecem:

- Às pessoas que pensaram e/ou executaram cada uma das atividades desenvolvidas: Renata Rodrigues Lopes, Adriano Rodrigues José; Sopapo Poético: Lilian Rocha, Renato, Sidinei, Delma, Naiara Oliveira, Vladimir Rodrigues, Fátima Regina Farias; Clarice Moraes, Iarema Soares, Coletivo mulheres negras na pós-graduação: Carmynie Xavier, Priscila Pereira, Daniele Vieira, Patrícia Gonçalves, Sherol Dos Santos; Antonia Evangelista, Lara Machado Bitencourt, Winne Ludmila Mathias Dobal, Matheus Eilers Penha; Priscila Pasko, Jeferson Tenório; Cineclube Bamako: Gabriel;  Duan Kissonde, Ana Dos Santos, CRDH - Nupsex: Marcus Vinicius, Camila Santos Pereira, Isadora Cristina Santos da Silva, Priscila Andrea da Cruz, Tiago Rodrigues da Costa; Utopia e luta: Nanci Araujo; Coletivo Abayomi: Luix e Zade Zaro; Luany Kalunga, Giane Camargo, Maira Cordeiro, Roberto Liebgott, Frente Quilombola RS: Onir Araújo e Rodrigo Machado; Representação Kaigang: Angélica e Marcus; Jardélia De Sá, Melina Kleinert Perussatto, Sarah Calvi Amaral Silva, Dandara RD.

- Às professoras e aos professores que acompanharam suas turmas, que participaram e aproveitaram a oportunidade de construirmos juntxs.

- Às e aos estudantes que frequentaram o evento, inclusive por conta própria.

- À comunidade externa ao campus que se mostrou participativa e presente, por vezes até em maior número do que a comunidade interna.

- Aos voluntários Matheus Peixoto e Matheus Madril Benites, este último responsável pelos registros fotográficos do evento, por estarem conosco todos os dias auxiliando nas mais diversas atividades e fortalecendo a luta por uma educação melhor.

- Ao PROPEL — à coordenadora Cláudia Estima e à bolsista Karoline Viana  —  e ao NEABI  — à coordenadora Helen Ortiz e à bolsista Caroline Lopes, pelo apoio logístico e afetivo.

- À equipe de Jornalismo e audiovisual, Cristine Stella Thomas e Yuri Ferreira Machado, pela divulgação constante e pelas fotografias da abertura do evento.

- Ao diretor-geral, Marcelo Augusto Rauh Schmitt, e ao diretor de extensão, Celson Roberto Canto Silva, pelo apoio.

- Ao ANDES – IFRS, pela divulgação.

- À Cervejaria Continente, pelo gesto de carinho."

 

Renata Severo e Aline Ferraz

Coordenadoras do Enegrecendo setembro

 

Confira alguns registros da última semana do evento:

     

 

  

 

Fim do conteúdo da página
ogle tag (gtag.js) -->