Evento "Enegrecendo setembro" acontece de 04 a 29/9, no Campus Porto Alegre
O IFRS - Campus Porto Alegre promove, de 04 a 29 de setembro, o evento de extensão Enegrecendo setembro, que contará com diversas atividades que ocorrerão durante todo o mês, no auditório térreo do campus, para discussão de questões culturais, educacionais e políticas concernentes à população negra no mês marco da suposta identidade gaúcha.
As atividades são gratuitas e abertas à comunidade, com direito à certificado de participação. As inscrições poderão ser feitas nos dias do evento, mediante apresentação de documento de identificação oficial.
Sobre o evento
Na tentativa de construir uma identidade nacional brasileira, desde o período colonial – e, principalmente, a partir da política de branqueamento da República Velha –, as etnias e cultura europeias foram privilegiadas em detrimento de outras identidades invisibilizadas na cultura escolar. No campo acadêmico, durante muito tempo, os estudos sobre a formação histórica do Brasil, em especial do Rio Grande do Sul, focaram na produção cultural dos imigrantes europeus, secundarizando as contribuições dos povos negros e indígenas na construção identitária da população sul rio-grandense (MAESTRI, 2006). Um dos maiores mitos fundadores da identidade gaúcha é a guerra civil conhecida como Guerra dos Farrapos – ou “Revolução Farroupilha” (SCHEIDT, 2002; ZALLA e MENEGAT, 2011).
O evento Enegrecendo setembro será composto por atividades de diferentes naturezas - oficinas, palestras, rodas de conversa, cine-debate, sarau poético, entre outras - mas que se comunicam entre si no intuito de destacar o protagonismo negro no Rio Grande do Sul e problematizar a suposta tradição gaúcha de matriz europeia, que é celebrada e reinventada durante todo o mês de setembro em nosso estado – em especial, na capital (ZALLA; MENEGAT, 2011).
O ponto máximo da mitificação da identidade gaúcha ocorre no desfile comemorativo de 20 de setembro, data de início da Guerra dos Farrapos (1835-1845) – ou “Revolução Farroupilha”. Esse conflito foi o resultado da disputa político-econômica entre a elite pecuarista gaúcha e o Império brasileiro e, posteriormente, passou a fazer parte da memória coletiva da população do RS. Uma memória que tem sido constantemente apropriada e reelaborada pelo poder dos vencedores e que mantém e reitera a exclusão das camadas populares (VESENTINI, 1997).
Assim, através de discussões atuais sobre identidade e resistência, o evento pretende fazer um contraponto à construção eurocêntrica da identidade gaúcha a partir de alguns aspectos da cultura negra contemporânea do Rio Grande do Sul.
Além disso, o Enegrecendo setembro se insere nos princípios da lei 10.639 que, desde 2003, exige o ensino da história e da cultura afro-brasileira na educação formal para promover a isonomia étnica no âmbito dos Direitos Humanos e a consolidação da cidadania e dos direitos da população negra.
O evento está sob coordenação das docentes do IFRS Renata Severo e Aline Ferraz, e conta com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas - NEABI e do Programa Permanente de Ensino de Línguas e Literaturas - PROPEL, ambos do campus Porto Alegre, além dos parceiros externos Sopapo Poético; Frente Quilombola - RS; Centro de Referência em Direitos Humanos, Relações de Gênero, Diversidade Sexual e de Raça; Coletivo "Abayomi"; e o Assentamento Urbano "Utopia e luta".
Confira a programação:
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